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No final desta semana e início da próxima, o Brasil inteiro estará envolto pelas festividades carnavalescas. Os jornais e telejornais do mundo inteiro estarão comentando o luxo das fantasias, bem como a euforia dos sambistas e foliões. Um grande número de pessoas estará participando de desfiles, acompanhando trios elétricos, formando blocos de rua, ou outras manifestações momescas. Um grupo menor vai ocupar o feriado prolongado para ir à praia ou ao sítio com a finalidade de curtir um lazer mais próximo da natureza. Outros vão aproveitar para alguma viagem, visitar amigos e familiares, além de conhecer novos lugares. Outros ainda, mas estes em número bem reduzido, vão vivenciar o tempo do carnaval com retiros espirituais e outras atividades relacionadas com a religião, buscando uma experiência mais profunda com Deus.
Segundo alguns estudiosos, o carnaval é uma festa pré-cristã. Pode-se atestar sua existência já no século VI a.C. Os gregos e, mais tarde, os romanos, no início do ano, no mês de janeiro ou fevereiro, quando o inverno começava a dar sinais de que estava chegando no fim, organizavam grandes festividades com desfiles de carros alegóricos e muita dança de rua. Um dos carros, dedicado a Baco, deus do vinho, era em forma de navio e tinha o nome de currus navalis. Destas duas palavras originou-se o termo carnaval. Segundo esses autores, as pinturas de alguns vasos gregos representam os desfiles e as máscaras usadas nos dias de carnaval.
Na opinião de outros estudiosos, o carnaval é uma festa de origem cristã. Três dias antes da 4ª feira de cinzas, o povo se descontraía, com brincadeiras, danças, comidas e bebidas, pois sabia que os quarenta dias da Quaresma, que estavam para iniciar, deveriam ser dias de muita austeridade, muita abstinência, principalmente de carne, e muito jejum. A palavra carnaval, nesta versão, viria de “carne vale”, ou seja, “adeus carne”.
A alegria é uma característica dos cristãos. São Paulo, em sua carta aos Filipenses exorta: “alegrai-vos sempre no Senhor! Repito: alegrai-vos”! (Fp 4,4). O Papa Francisco, no início de sua Exortação Apostólica, Alegria do Evangelho faz a seguinte afirmação: “A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quando se deixam salvar por ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria”. Logo em seguida alerta que “o grande risco do mundo atual, com sua múltipla e avassaladora oferta de consumo, é uma tristeza individualista que brota do coração comodista e mesquinho, da busca desordenada dos prazeres superficiais, da consciência isolada”.
A Igreja, portanto, não é contra o carnaval, enquanto expressão autêntica de alegria. O fato, porém, é que em geral a verdadeira alegria do carnaval se degenerou. O carnaval passou a ser uma ocasião em que tudo é permitido. Neste período, o comércio de drogas legais e ilegais se intensifica, a violência foge do controle, a libertinagem predomina. Muita gente confunde alegria com euforia. Sem dúvida que a alegria também se manifesta através da euforia, mas nem sempre a euforia é sinal de alegria. Muitas vezes, a euforia não passa de máscara para esconder problemas mal resolvidos, dores e mágoas acumuladas. Algumas pessoas pensam afogar as mágoas nos dias de carnaval com muita bebida e outras extravagâncias. Enganam-se. As mágoas sabem nadar. Elas precisam e podem ser solucionadas, mas de outro modo. Nada impede que brinquemos e nos divirtamos nos dias de carnaval. No entanto, é preciso que o carnaval retome o seu sentido original. Como lembra Dom Demétrio Valentini, bispo emérito de Jales, no Estado de São Paulo, temos necessidade de “de novo sentir a alegria de sermos um povo que vive em paz, que rejeita a violência, e que sabe expressar sua alegria de maneira artística e, ao mesmo tempo, espontânea”. Completando seu pensamento, Dom Demétrio, pede que “as escolas de samba caprichem, que todos aplaudam seus desfiles, que o carnaval seja bonito em toda parte, e que a violência seja banida, nestes dias e ao longo de todo este ano”.
Dom Manoel João Francisco
Bispo da Diocese de Cornélio Procópio

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