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Numa de suas orações, na Liturgia das Horas, a Igreja pede ao Senhor: “Dai-nos força para resistir à tentação, paciência na tribulação, e sentimentos de gratidão na prosperidade.” Ante os desafios, diante das dificuldades e perante o bem estar, a pessoa se volta para Deus, com sentimentos que revelam o seu estado de espírito.
A “gratidão na prosperidade” é a forma de oração de quem vê, com o olhar de Deus, seus êxitos e conquistas materiais, profissionais, financeiras e sociais. Na educação familiar, desde cedo, as crianças são orientadas a demonstrarem sua gratidão por bens recebidos e por gestos atenciosos; na vida escolar, crianças, adolescentes e jovens recebem uma formação nesse sentido, como elemento da educação integral; na convivência social, as pessoas, intimamente, se ressentem quando alguém, por inadvertência ou desconsideração, deixa de manifestar sua gratidão, em face de uma atitude de cortesia, por mais simples que tenha sido. Via de regra, o sentimento de gratidão se exprime em razão de coisas boas, de experiências satisfatórias, de fatos agradáveis que aconteceram na convivência humana. Enfim, no processo das relações interpessoais, a expressão da gratidão é uma questão de delicadeza.
Na relação com Deus, a manifestação de gratidão também tem seu lugar. Conforme ensina o Catecismo da Igreja Católica, em sua oração, os fiéis adoram a Deus, suplicam-lhe seu auxílio, agradecem seus favores e invocam o perdão de seus pecados. Portanto, a gratidão está presente na mente, no coração e nos lábios dos orantes. Por estarem diante de Deus, em oração, os fiéis encontram motivo para agradecer mesmo na adversidade e no sofrimento, quando descobrem a sua razão de ser, conseguindo extrair daí lições proveitosas. É óbvio que prevalece na oração de gratidão o reconhecimento pelos êxitos e conquistas, em relação a bens adquiridos e posições alcançadas. É comum ver-se nas ruas e estradas um adesivo no parabrisa traseiro de carro de luxo: “Foi Deus que me deu”. É uma afirmação dúbia! Pode passar a ideia de um Deus discriminador: ao rico, dá um carro de luxo; ao pobre, dá uma carroça, puxada por ele mesmo; ao rico, uma mansão, à beira mar, ao pobre uma casa nas encostas do morro. Sem dúvida, a expressão veicula a concepção da “teologia da prosperidade”, muito presente em algumas Igrejas evangélicas. Essa corrente teológica explora a linha do dar dinheiro à Igreja para receber bens materiais de Deus; para seus pregoeiros, a oração é meio, é “pano de fundo” nesse encontro com Deus, uma vez que, na verdade, o interesse está na prosperidade.
Outra, completamente diferente, é a oração de “gratidão na prosperidade”. Na oração de gratidão, liturgicamente, oração de “ação de graças”, a pessoa tem consciência da ação da graça de Deus, nos seus êxitos e conquistas. Essa ação de Deus se faz presente mediante os estímulos de que necessita a personalidade de cada um: oração, força de vontade, perseverança, equilíbrio, previdência, dedicação, estudo, trabalho e muitos outros. Fica claro, pois, que a ação de Deus não dispensa, antes, conta com a participação da pessoa, de conformidade com a realidade concreta em que se encontra. Sem dúvida, quando se converte num benefício compartilhado pela família e pela comunidade, a prosperidade de uma pessoa é motivo para sua prece de gratidão, porque é prece que agrada a Deus.
Dom Genival Saraiva
Bispo de Palmares - PE

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