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No dia 10 de outubro, a imprensa informou que Juan Pablo Pino, jogador do Al Nasr, na Arábia Saudita, foi preso por exibir uma tatuagem de cunho religioso. O incidente ocorreu quando o atleta passeava com a esposa num shopping de Riad, capital do país. Com uma camiseta sem mangas e a imagem de Jesus à mostra, acabou revoltando as pessoas que estavam no local. A confusão chamou a atenção da polícia, e o rapaz foi preso.
No dia 11, em Roma, o cardeal Leonardo Sandri demonstrou seu pesar pelo massacre de um grupo de 26 cristãos ortodoxos ocorrido no domingo anterior, no Egito: «Estes irmãos ortodoxos, depois de sofrerem o incêndio de sua igreja, quiseram expressar, como quaisquer outros cidadãos, seu desejo de liberdade religiosa e de respeito a seus direitos. Infelizmente, nesta manifestação, encontraram o cálice amargo do sacrifício e da morte. Para todos, é um fato desolador, triste e angustiante. Solidarizamo-nos com a Igreja ortodoxa e com os familiares das vítimas de uma violência sem sentido».
No dia 14, os bispos da Igreja Católica do Canadá se posicionaram sobre a condenação à morte do pastor evangélico Youssef Nadarkhani, preso no Irã por ter deixado o Islã e abraçado o Cristianismo. Em carta às autoridades políticas e judiciárias daquele país, Dom Brendan O’Brien convidou-as a respeitar a liberdade religiosa: «Pedimos que o pastor Nadarkhani, assim como todas as demais pessoas que vivem uma situação similar em seu país, sejam tratadas de acordo com o artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos”».
Por fim, no dia 28, em Perth, na Austrália, durante uma reunião dos 16 países que integram a Comunidade Britânica, foram revistas algumas das leis que regem a sucessão real no Reino Unido há 300 anos. Quem explicou a razão das mudanças foi o primeiro-ministro David Cameron: «A ideia de que o filho mais novo deva ser rei no lugar da irmã mais velha pelo simples fato de ser homem, ou de que um futuro monarca possa casar com uma pessoa de qualquer religião, menos a católica, é uma forma de pensar que está em desacordo com os países modernos que nos tornamos». Na verdade, os católicos continuam proibidos de assumir o trono inglês, pela interferência entre o governo civil e a Igreja Anglicana existente no país.
No Brasil, à primeira vista, parece que tudo seja diferente e tranquilo. De acordo com uma pesquisa realizada em 23 países pela Empresa Ipsos, ele é o terceiro país do mundo em que mais se acredita em Deus. Sobre 18.829 entrevistados, 51% creem numa entidade divina. Os que não acreditam são 18%, e os que não têm certeza, 17%.
Crer em Deus, porém, não significa que os brasileiros acolham pacificamente a doutrina pregada pelas denominações religiosas. Assim, por exemplo, somente 32% deles acreditam numa vida após a morte, enquanto 12% optam pela reencarnação.
Entre os pesquisados, um total de 18% afirmam que não acreditam em nenhum ser supremo. No topo da lista dos descrentes está a França; a Suécia vem em segundo lugar e a Bélgica em terceiro. No Brasil, de acordo com estudo publicado a 23 de agosto de 2011 pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, de 2003 a 2009, o grupo dos “sem religião” (ateus e agnósticos) passou de 5,1% para 6,7.
Em 2012, a Igreja Católica celebrará o 50º aniversário da abertura do Concílio Vaticano II. Se as religiões quiserem voltar a ocupar o lugar que lhes cabe na sociedade, não podem esquecer as palavras pronunciadas pelo Papa João XXIII no dia 11 de outubro de 1962, na abertura dos trabalhos conciliares: «A Igreja sempre se opôs aos erros, condenando-os, às vezes, com a máxima severidade. Em nossos dias, porém, ela prefere recorrer mais ao remédio da misericórdia do que ao da severidade. Ela julga satisfazer melhor às necessidades atuais mostrando a validade da fé do que condenando os erros. Ela quer ser benigna, paciente e cheia de misericórdia para com todos».
Dom Redovino Rizzardo, cs
Bispo de Dourados - MS

O Eclesiastes é um interessante livro bíblico, do Antigo Testamento. Seu nome vem do grego e significa: o homem da assembleia; aquele que toma a palavra na sinagoga. Escrito em hebraico pelo ano 250 aC, esse livro comprova a influência da cultura grega na Judeia. Um tema atravessa, de modo especial, todos os seus capítulos: a precariedade das ocupações humanas. Tudo é “vaidade”, ou seja, tudo é neblina, fumaça e ilusão. Pessimista? Diria que não. Seu autor, um sábio ancião, quer instruir os jovens a viver com realismo e seriedade. É o que se conclui, por exemplo, com suas observações sobre o desenrolar do tempo: “Tudo tem seu tempo, há um momento oportuno para cada empreendimento debaixo do céu. Tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de colher a planta (...); tempo de chorar e tempo de rir” (Ecle 3, 1-2.4). A partir de suas observações, faço as minhas.
Um dia, quando se escrever um livro sobre o nosso século, talvez se escolha como título: “A época dos homens sem tempo”. Afinal, nenhuma justificativa é tão usada como a da falta de tempo. Ninguém tem tempo. Nem os adultos (no telefone, depois de não ter ido à reunião: “Pois é, infelizmente não tive tempo...”), nem os jovens (ao professor na Faculdade: “Por que ainda não entreguei o trabalho? Tempo, falta de tempo!...” ) e até as crianças (à mãe, que pede ao filho para fazer um serviço: “Ah! Mãe, logo agora que não tenho tempo?”).
Alguns não se dedicam a clubes de serviço porque não têm tempo. Outros não visitam seus parentes porque “não se tem mais tempo para nada”. Aquele jovem não estuda, este não trabalha e você nada lê porque lhes falta tempo. “Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas, como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos”, é a irônica observação da Raposa ao Pequeno Príncipe.
A conclusão a que se chega – conclusão óbvia, clara, cristalina – é que há alguma coisa errada. Essa evidência se acentua quando se ouve a desculpa daqueles que cortaram, aos poucos, todo relacionamento com Deus, por um motivo muito simples: não têm tempo! “Gostaria de ir à missa, mas não tenho tempo. Desejaria ler o Evangelho, pensar nos outros, rezar, ser voluntário em algum hospital mas, infelizmente não tenho tempo”. Se o ser humano não tem mais tempo para cultivar sua amizade com o Pai ou para ir em direção a seus irmãos, alguma coisa está mesmo errada. Demos, pois, uma de pesquisador: procuremos o culpado por essa situação insustentável.
Seria Deus? Afinal, foi Ele que deu o tempo ao ser humano. Mas, talvez lhe tenha dado pouco tempo: afinal, há tanto que fazer!... Contudo, convenhamos: seria um absurdo pensar assim. Ele certamente dá aos homens e mulheres o tempo suficiente para que possam fazer o que Ele quer. Mais: Ele só espera de cada pessoa o que ela tem condições de fazer.
O problema da falta de tempo teria como causa o próprio ser humano? (De você, por exemplo?). Afinal, quem consegue realizar tudo o que gostaria? Dada à nossa insatisfação contínua, por mais que alguém aja, fale ou pense, sempre falta pensar, falar ou  fazer alguma coisa. Novos horizontes se abrem diante de cada caminho percorrido. O que fazer, então? (“Fazer mais alguma coisa ainda? Mas eu já disse que não tenho tempo!...”). Abra o Evangelho. Ouça o que Cristo tem a dizer sobre isso: “Marta, Marta, tu te preocupas com muitas coisas. E, contudo, uma só é necessária”. O que seria o essencial na vida, o único necessário? Deve se tratar, sem dúvida, de uma realidade que permaneça sempre, que não passe com o tempo, que continue a existir mesmo após a morte – que é, para cada um, o fim do tempo.
Um dia, um doutor da lei perguntou a Jesus o que era mais importante – isto é, o que é que era essencial e resumia sua doutrina. A resposta do Mestre foi simples: o amor. O amor ao Pai e o amor aos irmãos. O resto, isto é, o que cada um vai fazer, pensar ou dizer,  será uma consequência de seu amor. Ora, se alguém não tem tempo nem para se doar, que pobreza! Talvez seria melhor não ter recebido tempo algum!...
Dom Murilo S.R. Krieger, scj
Arcebispo de São Salvador da Bahia - BA

Ser de Deus

A dicotomia entre fé e prática com suas conseqüências corta o fio condutor da realização humana. Não podemos separar a alma do corpo. A construção da convivência adequada à promoção da vida e da dignidade humana exige de nós coerência na prática da justiça, da misericórdia, da concatenação dos passos corpóreos com os da ética e dos valores transcendentes.
A religiosidade focada na pura confiança de que o ser superior dá ao humano tudo e é um solucionador dos seus problemas, sem a contrapartida do nosso esforço para agirmos conforme a realidade de nossa filiação divina, não dá  consistência à construção de nossa felicidade. A convicção de que somos de Deus e nos entregamos à realização de seu projeto de amor,  torna-nos  corresponsáveis por construirmos a vida terrena como verdadeira missão. Mesmo se quisermos ser de Deus mas deixarmos para Ele fazer tudo sem colocarmos nossos dons a serviço do bem comum, não conseguiremos nortear nossa vida para a consecução de um ideal mais elevado. Em nosso íntimo não nos contentamos com pouco na vida. Temos sede de infinito. Para conquistá-lo precisamos ser de Deus, mas com o compromisso de cuidar da vida e promovê-la com os meios e critérios do próprio Criador.
Dar o que é de César a César e a Deus o que é dele é de suma importância (Cf. Mateus 22,21). Nosso contributo para o desenvolvimento na cidade terrestre é efeito de nossa vocação de busca da cidade celeste. Mas precisamos fazê-lo pela mandato de Deus. Ele nos dá a terra para dela cuidarmos com todo o carinho e amor. A natureza e a convivência social e humana  fazem-nos reais imagens e semelhanças com o Criador. Ele cuida de tudo, mas nos dá também a incumbência de desenvolvermos o que Ele fez na terra. O ser humano muitas vezes não cuida e arruina tudo com o egoísmo, a autossuficiência e o pecado. Deus mandou seu Filho para nos dar meios de rearrumar a casa terrena. Mas, com Ele! Ao contrário, a autossuficiência humana vai nos continuar arruinando. Precisamos  colocar os critérios do Jesus humano-divino na nossa convivência. Teremos mais justiça, promoção da vida, da boa política, do respeito e promoção dos mais deixados de lado...
Se realmente formos de Deus, respeitaremos mais o semelhante. Cooperaremos melhor com o desenvolvimento sustentável da terra e do ser humano. Superaremos a degradação ambiental, a concentração de riquezas, a gritante, exagerada e injusta desigualdade. Teremos mais respeito ao outro, valorizando suas potencialidades. Teremos carinho especial com a família e os mais fragilizados!
Quem é de Deus supera o materialismo e a religiosidade puramente alienante. Consagra-se diuturnamente à vida de doação de si pelo bem da comunidade. Preocupa-se em ser fiel ao amor a Deus na prática do amor ao semelhante. Torna-se pessoa ética. Não sucumbe à tentação de querer o que é bom somente para si. Sabe partilhar com o outro o bem em todas as dimensões. Seu amor, fundamentado no de Deus, não tem limites! Fizéssemos todos assim, teríamos um mundo mais humano e cheio de paz!
Dom José Alberto Moura, CSS
Arcebispo Metropolitano de Montes Claros - MG

Numa de suas orações, na Liturgia das Horas, a Igreja pede ao Senhor: “Dai-nos força para resistir à tentação, paciência na tribulação, e sentimentos de gratidão na prosperidade.” Ante os desafios, diante das dificuldades e perante o bem estar, a pessoa se volta para Deus, com sentimentos que revelam o seu estado de espírito.
A “gratidão na prosperidade” é a forma de oração de quem vê, com o olhar de Deus, seus êxitos e conquistas materiais, profissionais, financeiras e sociais. Na educação familiar, desde cedo, as crianças são orientadas a demonstrarem sua gratidão por bens recebidos e por gestos atenciosos; na vida escolar, crianças, adolescentes e jovens recebem uma formação nesse sentido, como elemento da educação integral; na convivência social, as pessoas, intimamente, se ressentem quando alguém, por inadvertência ou desconsideração, deixa de manifestar sua gratidão, em face de uma atitude de cortesia, por mais simples que tenha sido. Via de regra, o sentimento de gratidão se exprime em razão de coisas boas, de experiências satisfatórias, de fatos agradáveis que aconteceram na convivência humana. Enfim, no processo das relações interpessoais, a expressão da gratidão é uma questão de delicadeza.
Na relação com Deus, a manifestação de gratidão também tem seu lugar. Conforme ensina o Catecismo da Igreja Católica, em sua oração, os fiéis adoram a Deus, suplicam-lhe seu auxílio, agradecem seus favores e invocam o perdão de seus pecados. Portanto, a gratidão está presente na mente, no coração e nos lábios dos orantes. Por estarem diante de Deus, em oração, os fiéis encontram motivo para agradecer mesmo na adversidade e no sofrimento, quando descobrem a sua razão de ser, conseguindo extrair daí lições proveitosas. É óbvio que prevalece na oração de gratidão o reconhecimento pelos êxitos e conquistas, em relação a bens adquiridos e posições alcançadas. É comum ver-se nas ruas e estradas um adesivo no parabrisa traseiro de carro de luxo: “Foi Deus que me deu”. É uma afirmação dúbia! Pode passar a ideia de um Deus discriminador: ao rico, dá um carro de luxo; ao pobre, dá uma carroça, puxada por ele mesmo; ao rico, uma mansão, à beira mar, ao pobre uma casa nas encostas do morro. Sem dúvida, a expressão veicula a concepção da “teologia da prosperidade”, muito presente em algumas Igrejas evangélicas. Essa corrente teológica explora a linha do dar dinheiro à Igreja para receber bens materiais de Deus; para seus pregoeiros, a oração é meio, é “pano de fundo” nesse encontro com Deus, uma vez que, na verdade, o interesse está na prosperidade.
Outra, completamente diferente, é a oração de “gratidão na prosperidade”. Na oração de gratidão, liturgicamente, oração de “ação de graças”, a pessoa tem consciência da ação da graça de Deus, nos seus êxitos e conquistas. Essa ação de Deus se faz presente mediante os estímulos de que necessita a personalidade de cada um: oração, força de vontade, perseverança, equilíbrio, previdência, dedicação, estudo, trabalho e muitos outros. Fica claro, pois, que a ação de Deus não dispensa, antes, conta com a participação da pessoa, de conformidade com a realidade concreta em que se encontra. Sem dúvida, quando se converte num benefício compartilhado pela família e pela comunidade, a prosperidade de uma pessoa é motivo para sua prece de gratidão, porque é prece que agrada a Deus.
Dom Genival Saraiva
Bispo de Palmares - PE

O ser humano tem seu verdadeiro significado quando vive o processo de liberdade, condição necessária para atingir a salvação proposta por Deus. Esta liberdade, que deve ser própria e íntima de cada pessoa, pode acontecer até numa situação de escravidão.
A liberdade interior existe também sem a presença da fé em Deus para quem não tem formação nesta área. Deus pode usar pessoas, até no contexto político, para realizar a salvação do ser humano. Nem sempre entendemos os caminhos que libertam e salvam.
Deus é o Senhor da história em todos os tempos e a conduz de formas diversas. Isto Ele faz até usando maneiras diferentes do nosso modo de agir. A marca principal é a honestidade, nos termos do “dar a Deus o que é de Deus e a César o que é de César”, vendo aí autoridade religiosa e política.
Temos que reconhecer a autenticidade da autoridade verdadeiramente constituída, mas não podemos nos conformar com atos de injustiça praticados por elas nas comunidades. Sua ação não pode estar acima do poder de Deus e tomando o seu lugar. Sendo assim, seus atos tornam-se desumanos.
Toda autoridade legítima, que age para o bem comum, passa a ser representante de Deus. Ela não pode se proclamar divina, agindo acima dos princípios de Deus, com injustiça e desonestidade. Não pode ser uma autoridade de idolatria do poder temporal, que se acha dona da vida e da realização das pessoas.
Nenhuma autoridade constituída na história dos povos é eterna e absoluta a ponto de impedir a realização do plano de Deus. Podemos sim escolher colaborar ou não com esse plano. É uma questão de livre arbítrio, isto é, de ação feita por uma autoridade ou por uma pessoa simples do povo.
Todo pessoa humana foi criada para ser comprometida com a construção do humano, ou de condições necessárias para que todos vivam bem. Mas precisa entender que, por traz de tudo, existe a mão de Deus construindo os eventos históricos. Assim não podemos confundir autoridade humana com autoridade divina.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Bispo de São José do Rio Preto - SP

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