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Fizeram-me, um dia, uma pergunta que na hora não me pareceu muito importante. Preocupado com o que estava fazendo ou pensando, dei uma resposta vaga. Depois, vieram as dúvidas: será que eu não deveria ter dado mais importância ao que me foi perguntado? Minha resposta não foi muito superficial? Como foi que não percebi que aquela pergunta merecia uma resposta mais estudada? De interrogação em interrogação feitas a mim mesmo, voltei a me lembrar várias vezes da pergunta feita pela senhora que cruzara casualmente o meu caminho – e que era mais ou menos assim: “Por que será que em nossa família e nos momentos vividos com pessoas amigas, nas festas que organizamos, nos encontros especiais que vivenciamos, também nas horas de tristeza que enfrentamos, por que será que sempre falta alguém?”
Acredito que não há uma resposta definitiva para essa questão, mas uma resposta que cresce, que se completa, que se aprofunda. Pensando em minhas próprias experiências e, particularmente, nos encontros familiares – membro de uma família de nove irmãos, as festas se multiplicavam em minha casa! – lembro-me que sempre faltava alguém! Por vezes, era eu que faltava, pois estudei vários anos em seminários, longe da família. Depois de alguma festa familiar, era comum eu receber uma carta com fotos e mensagens que machucavam meu coração, pela saudade que despertavam: “Pena que não estavas aqui conosco!”.  Ao longo da vida, continuei percebendo que sempre falta alguém!
Sempre falta alguém... Talvez falte um amigo que gostaríamos de ver sorrir, participando de nossa alegria, mas que não pôde comparecer à festa programada. Ou um irmão que ficou impedido de viajar, deixando um vazio no encontro que prometia ser inesquecível. Poderá faltar um parente, uma pessoa conhecida, um colega de trabalho ou de escola que, pouco antes do encontro marcado, telefonou: “Olha,  infelizmente não poderei ir...”
Às vezes, por mais que se imponha a dura realidade de que determinado irmão ou amigo não voltará jamais, de que será um eterno ausente em tudo o que fizermos ou promovermos, ficamos à espera de alguém que venha e nos diga: “Aguarde um pouco: ele está chegando!...".
Sempre falta alguém... Ou se aceita que essa limitação faz parte de nossa vida ou a vida como tal nos parecerá um tanto absurda, uma brincadeira de mau gosto.
Sempre falta alguém... A aceitação dessa realidade nos dará a exata dimensão da existência humana. E nos fará compreender melhor o sentido da vinda de Cristo ao encontro dos seres humanos – ao nosso encontro. Ele, que é a própria Vida, vem para trazer a plenitude da vida a cada um de nós. Sua vinda não é algo “a mais” na história da humanidade. Nem sua presença é apenas interessante ou, quando muito, louvável. Conhecedor profundo da natureza humana, Cristo vem nos completar. Vem preencher os vazios das inúmeras ausências que sentimos, principalmente daquelas que nenhuma fortuna do mundo conseguirá restituir-nos.
Sempre falta alguém... Mas o próprio Cristo – contínua presença ao longo de nossos passos, a partir do momento em que, há dois mil anos, entrou em nossa História – ele mesmo às vezes aparenta estar ausente. Mas ele nuca falta: nos é que não sabemos vê-lo. Nessas horas, nossos olhos estão como os de Paulo, depois da experiência na estrada de Damasco: cobertos por escamas (cf. At 9,18). E não conseguimos ver nada. Não percebemos os inúmeros sinais de amor que, diariamente, ele coloca em nosso caminho. Assemelhamo-nos a seus contemporâneos, que não conseguiam percebê-lo: "Estava no mundo... e o mundo não o conheceu" (Jo 1,10).
Cristo ressuscitado vem ao nosso encontro para fortalecer nossa esperança. Sua vitória sobre a morte nos dá a certeza de que, de fato, ele permanecerá eternamente conosco.  Sua presença dá sentido a todos os momentos de nossa vida, inclusive aos que estiverem marcados pela ausência de um irmão, de um amigo ou de um companheiro de lutas.
Sempre falta alguém... O importante – o essencial! - é não faltar Cristo em nossa vida.

 

Dom Murilo S.R. Krieger
Arcebispo de São Salvador da Bahia, Primaz do Brasil

 

Como você corrige seu filho, seu esposo, sua esposa, seu empregado, seu colega, seu subordinado de modo geral? É um dever e uma necessidade corrigir aqueles a quem amamos, mas isso precisa ser feito de maneira correta. Toda autoridade vem de Deus e em Seu nome deve ser exercida; por isso, com muito jeito e cautela.
Não é fácil corrigir uma pessoa que erra; apontar o dedo para alguém e dizer-lhe: “Você errou!”, dói no ego da pessoa; e se a correção não for feita de modo correto pode gerar efeito contrário. Se esta for feita inadequadamente pode piorar o estado da pessoa e gerar nela humilhação e revolta. Nunca se pode, por exemplo, corrigir alguém na frente de outras pessoas, isso a deixa humilhada, ofendida e, muitas vezes, com ódio de quem a corrigiu. E, lamentavelmente, isso é muito comum, especialmente por parte de pessoas que têm um temperamento intempestivo (“pavio curto”) e que agem de maneira impulsiva. Essas pessoas precisam tomar muito cuidado, porque, às vezes, querendo queimar etapas, acabam queimando pessoas. Ofendem a muitos.
Quem erra precisa ser corrigido, para seu bem, mas com elegância e amor. Há pais que subestimam os filhos, os tratam com desdém, desprezo. Alguns, ao corrigi-los, o fazem com grosseria, palavras ofensivas e marcantes. O pior de tudo é quando chamam a atenção dos filhos na presença de outras pessoas, irmãos ou amigos, até do (a) namorado (a). Isso o (a) humilha e o (a) faz odiar o pai e a mãe. Como é que esse (a) filho (a), depois, vai ouvir os conselhos desses pais? O mesmo se dá com quem corrige um empregado ou subordinado na frente dos outros. É um desastre humano!
Gostaria de apontar aqui três exigências para corrigir bem uma pessoa:
1. Nunca corrigir na frente dos outros. Ao corrigir alguém, deve-se chamá-lo a sós, fechar a porta da sala ou do quarto, e conversar com firmeza, mas com polidez, sem gritos, ofensas e ameaças, pois este não é o caminho do amor. Não se pode humilhar a pessoa. Mesmo a criança pequena deve ser corrigida a sós para que não se sinta humilhada na frente dos irmãos ou amigos. Se for adulto, isso é mais importante ainda. Como é lamentável os pais ou patrões que gritam corrigindo seus filhos ou empregados na frente dos outros! Escolha um lugar adequado para corrigir a pessoa.
Gostaria de lembrar que a Igreja, como boa Mãe, garante a nós o sigilo da Confissão, de maneira extrema. Se o sacerdote revelar nosso pecado a alguém, ele pode ser punido com a pena máxima que a instituição criada por Cristo pode aplicar: a excomunhão. Isso para proteger a nossa intimidade e não permitir que a revelação de nossos erros nos humilhe. E nós? Como fazemos com os outros? Só o fato de você dar a privacidade à pessoa a ser corrigida, ao chamá-la a sós, ela já estará mais bem preparada para a correção a receber, sem odiá-lo.
2. Escolha o momento certo. Não se pode chamar a atenção de alguém no momento em que a pessoa errada está cansada, nervosa ou indisposta. Espere o melhor momento, quando ela estiver calma. Os impulsivos e coléricos precisam se policiar muito nestes momentos porque provocam tragédias no relacionamento. Com o sangue quente derramam a bílis – às vezes mesmo com palavras suaves – sobre aquele que errou e provocam no interior deste uma ferida difícil de cicatrizar. Pessoas assim acabam ficando malvistas no seu meio. Pais e patrões não podem corrigir os filhos e subordinados dessa forma, gritando e ofendendo por causa do sangue quente. Espere, se eduque, conte até 10 dez, vá para fora, saia por um tempo da presença do que errou; não se lance afoito sobre o celular para o repreender “agora”. Repito: a correção não pode deixar de ser feita; a punição pode ser dada, mas tudo com jeito, com galhardia. Estamos tratando com gente e não com gado.
3. Use palavras corretas. Às vezes, um “sim” dito de maneira errada é pior do que um “não” dito com jeito. Antes de corrigir alguém, saiba ouvi-lo no que errou; dê-lhe o direito de expor com detalhes e com tempo o que fez de errado, e por que fez aquilo errado. É comum que o pai, o patrão, o amigo, o colega, precipitados, cometam um grave erro e injustiça com o outro. O problema não é a correção a aplicar, mas o jeito de falar, sem ofender, sem magoar, sem humilhar, sem ferir a alma.
Eu era professor em uma Faculdade, e um dos alunos veio me dizer que perdeu uma das provas e que não podia trazer atestado médico para justificar sua falta. Ter que fazer uma prova de segunda chamada, apenas para um aluno, me irritava. Então, eu lhe disse que não lhe daria outra prova. Quando ele insistiu, fui grosseiro com ele, até que ele pôde se explicar: “Professor, é que eu uso um olho de vidro, e no dia da sua prova o meu olho de vidro caiu na pia e se quebrou; por isso eu não pude fazer a prova”. Fiquei com “cara de tacho” e lhe pedi mil desculpas.
Nunca me esqueci de uma correção que o meu pai nos deu quando eu e meus oito irmãos éramos ainda pequenos. De vez em quando nós nos escondíamos para fumar escondidos dele. Nossa casa tinha um quintal grande e um pequeno quarto no fundo do quintal; lá a gente se reunia para fumar.
Um dia nosso pai nos pegou fumando; foi um desespero… Eu achei que ele fosse dar uma surra em cada um; mas não, me lembro exatamente até hoje, depois de quase cinquenta anos, a bela lição que ele nos deu. Lembro-me bem: nos reuniu no meio do quintal, em círculo, depois pediu que lhe déssemos um cigarro; ele o pegou, acendeu-o, deu uma tragada e soprou a fumaça na unha do dedo polegar, fazendo pressão, com a boca quase fechada. Em seguida, mostrou a cada um de nós a sua unha amarelada pela nicotina do cigarro. E começou perguntando: “Vocês sabem o que é isso, amarelo? É veneno; é nicotina; isso vai para o pulmão de vocês e faz muito mal para a saúde. É isso que vocês querem?”
Em seguida ele não disse mais nada; apenas disse que ele fumava quando era jovem, mas que deixou de fazê-lo para que nós não aprendêssemos algo errado com ele. Assim terminou a lição; não bateu em ninguém e não xingou ninguém; fomos embora. Hoje nenhum de meus irmãos fuma; e eu nunca me esqueci dessa lição. São Francisco de Sales, doutor da Igreja, dizia que “o que não se pode fazer por amor, não deve ser feito de outro jeito, porque não dá resultado”.
E se você magoou alguém, corrigindo-o grosseiramente, peça perdão logo; é um dever de consciência.
Professor Felipe Aquino

Domingo da misericórdia! As leituras deste segundo domingo da Páscoa giram em torno desse tema, começando com a oração de abertura repetida no Salmo, e culminando na passagem do Evangelho em que Jesus apareceu aos discípulos no Cenáculo, mostrou-lhes as mãos e seu lado traspassado.
Sabemos que o fundamento teológico da devoção ao Coração de Jesus é o Seu Coração traspassado pela lança, do qual brotaram sangue e água; o sangue que regenera a vida da graça, e a água que nos purifica de nossos pecados. Quando contemplamos a imagem de Jesus misericordioso, vemos que Ele se mostra precisamente com o Coração traspassado, do qual surgem dois raios: um vermelho, que simboliza o sangue derramado, e o outro branco, que simboliza a água que nos purifica no nosso Batismo. Este quadro é relativo à Festa da Divina Misericórdia, celebrada no segundo domingo de Páscoa. Os escritos dos Santos Padres comparam esses sinais ao nascimento da Igreja do lado aberto de Cristo.
A festa da Divina Misericórdia foi instituída pelo Papa Beato João Paulo II em abril de 2000. E em 29 de junho de 2002, com um novo decreto, acrescenta a esta festa uma indulgência plenária. Assim, o já chamado “domingo in Albis” (em branco, recordado pelas vestes dos que haviam sido batizados na noite de Páscoa) tornou-se o Domingo da Divina Misericórdia.
Esta festa vem precedida por uma novena de preparação, pois, anexa a ela existe uma grande promessa de Jesus a todos aqueles que confessarem e comungarem, celebrando dignamente esta Festa – serão remidas as penas das culpas e reencontrarão a veste branca batismal.
Sabemos que o Batismo nos faz novos. Nas primeiras comunidades cristãs alguns esperavam para recebê-lo mais tarde, pois assim estariam certos de que todos os seus pecados teriam sido perdoados pelo Batismo. Comportamento que revela, conforme a mentalidade da época, a fé na eficácia do sacramento.
Sabemos que o Batismo, como também a Crisma e a Ordem, opera uma consagração ontológica (do ser), que consagra de uma vez por todas o ser da pessoa que o recebe, o que significa que não pode ser dissolvido nem recebido uma segunda vez. Portanto, para nós que não podemos mais receber o Batismo, esta festa contribui a dar-nos de volta a veste branca do batismo, como foi inspirado por Santa Faustina: "Desejo que o primeiro domingo depois da Páscoa seja a Festa da Minha Misericórdia. A alma que naquele dia tiver se confessado e comungar, vai ficar completamente remida dos pecados e das culpas. A alma que recorrer à minha misericórdia não perecerá: Eu, o Senhor, vou defendê-la como minha própria glória, e na hora da morte não virei como um juiz, mas como Salvador. Diga à humanidade sofredora que se refugie em meu Coração Misericordioso e eu a preencherei de paz”.
Dessa maneira, ao trazer à tona o nascimento da Igreja, nova Eva, com o simbolismo da água e do sangue jorrados do lado de Cristo e ao procurar renovar o cristão revivendo o seu batismo recordando que com o perdão ele se reveste com a veste branca, o domingo anteriormente chamado “in albis” continua retomando o seu caráter eclesial e batismal com a festa da Divina Misericórdia recentemente introduzida.
Nestes tempos em que um grupo minoritário impõe aos brasileiros, contra a vontade deles, suas opiniões sobre a vida e coloca o nosso país em retrocesso com relação aos valores do ser humano, sem dúvida, que para nós, cristãos, é tempo de aprofundar ainda mais nossa vida e missão nessa sociedade.
Nós estamos submersos sob uma avalanche de informações que nos é transmitida por diferentes canais. Temos de recuperar a orientação da verdade, o labirinto de informações destorcidas e desinformadas que afirmam hoje em letras garrafais, mas que amanhã corrigem em notas ao pé da página e que podem, até depois de amanhã ratificar, fazendo muitos perderem a cabeça, por não saberem mais em que acreditar.
Façamo-nos difusores da boa notícia da salvação e da misericórdia divina, e rios de água viva irrigarão o mundo com a presença de Deus. E uma nova primavera vai surgir! Gritemos ao mundo com toda a força: Cristo ressuscitou, aleluia, ressuscitou, verdadeiramente, aleluia! Em sua infinita misericórdia Ele quer nos salvar!
Dom Orani João Tempesta
Arcebispo de São Sebastião (RJ)

www.jovensconectados.com... quem?

Há alguns meses, alguém perguntou a uma moça de Dourados: «Por que você só vive de baladas e bebedeiras em todos os finais de semana?». A resposta foi tão rápida quanto provocadora: «Porque, até hoje, ninguém me ofereceu algo melhor!»
No dia 29 de abril, na cidade de Naviraí, uma adolescente de 16 anos se enforcou porque seu pai não lhe permitiu participar de uma festa. Na semana seguinte, os meios de comunicação informaram que o suicídio foi a principal causa de morte entre os jovens sul-coreanos em 2010, pelo terceiro ano consecutivo. Dos jovens que participaram da pesquisa, 8,8% confessou já ter pensado em dar fim à própria vida.
Diante destes fatos e de mil outros que, que todos os dias, falam de jovens que acabam vítimas ou autores de uma violência cada vez mais generalizada, perpetrada no trânsito, na escola, no trabalho, no esporte, nas festas e até em seus próprios lares – quando os têm! –, é inevitável perguntar-se: com quem estarão eles conectados?
Para a jovem de Dourados, até hoje ninguém conseguiu lhe oferecer algo mais atraente do que a bebida e as festas. É uma resposta que entristece e questiona a sociedade, a começar dos pais, educadores e Igrejas. Se viver é escolher e escolher é renunciar, ninguém consegue renunciar a nada se não recebe, em troca, algo melhor e superior. É o que já ensinava Santo Agostinho numa longa dissertação sobre o assunto. E concluía advertindo: «Ninguém faz bem o que faz contra a vontade, mesmo que seja bom o que faz».
Por isso, enquanto não se conseguir acolher e cativar os jovens com um “produto” que corresponda às suas necessidades mais profundas, eles continuarão buscando no mundo o que este não lhes pode oferecer. É o que reconhecia ainda Santo Agostinho, depois de ter caído, ele também, nos mesmos enganos e armadilhas: «O nosso coração foi feito para Deus, e ele anda inquieto e angustiado até não descansar em Deus». E é também o que lembra o Papa Bento XVI, numa mensagem dirigida recentemente aos jovens: «Não esqueçamos: construir a vida ignorando a Deus e a sua vontade só pode levar à desilusão, à tristeza, à derrota. A experiência do pecado – recusando sua amizade e abandonando seu caminho –, obscurece os nossos corações».
Quanto ao recrudescimento do suicídio entre os jovens, a razão parece ser sempre a mesma. Para o mundo, o que conta é “vencer”. Quem pode mais, chora menos! Se, para Jesus, «o Espírito é que dá a vida, a carne para nada serve» (Jo 6,63), para a sociedade atual o contrário é que vale: a única “vitória” é a fama, a riqueza, o prazer. A pureza e a gratuidade dos relacionamentos são substituídas pela competição e pela rivalidade. Destruir para não ser destruído. Os outros existem enquanto são úteis...
«Quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la. Mas quem a perder por mim e pelo Evangelho, salvá-la-á. Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se perde a si mesmo?» (Mc 8, 35-36). Pela insegurança e inferioridade que o acompanha, o ser humano se agarra perdidamente ao que nada resiste. Talvez pouco ou nada falte aos jovens da Coreia do Sul que tentam fugir das dificuldades – ou preencher o vazio existencial – no suicídio. Pelo que sei, o país asiático é um dos mais ricos do mundo. A solução é manter-se conectados com Cristo: «Quem permanece em mim, produz muito fruto. Sem mim, nada podereis fazer. Permanecei no meu amor, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja completa» (Jo 15,5.9.11). Palavras que foram assim traduzidas pelo Papa Bento XVI na mensagem há pouco citada: «Cabe a vocês, jovens discípulos de Cristo, mostrar ao mundo que a fé leva a uma felicidade e a uma alegria verdadeira, plena e duradoura. E se o modo de viver dos cristãos parece, às vezes, cansativo e chato, sejam vocês os primeiros a testemunhar a alegria e a felicidade que a fé lhes oferece. O Evangelho é a “boa nova” que Deus nos ama e que cada um de nós é importante para ele. Eis o que vocês precisam demonstrar ao mundo!».
«No peito, eu levo uma cruz e, no coração, a Mãe de Jesus!». É o brado de alegria e de esperança dos jovens da Diocese de Dourados que, nestes dias, acolhem a Cruz Peregrina e o Ícone de Maria, preparando-se para participar, em 2013, da Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro.
Dom Redovino Rizzardo
Bispo de Dourados (MS)

O amor de Deus por nós é algo tão sublime que supera toda a nossa imaginação. Ao fazer-se homem e morrer na cruz por nós, depois de ficar três horas pendurado por três pregos, Deus provou quanto nos ama!
O próprio Jesus disse que “de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único” para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).O amor de Deus é maior que o amor de nossos pais por nós. Diz o Salmo que “se meu pai e minha mãe me abandonarem, o Senhor me acolherá” (Sl 26,10).
Ao nos criar á Sua imagem e semelhança (cf. Gn 1,26), Deus fez de nós a Sua glória. Ele nos fez para Si; a Ele pertence­mos (cf. Sl 94,7) e somente nEle poderemos nos realizar ple­namente.
Santo Agostinho, depois de converter-se, exclamou:”Tu nos fizeste para Vós, Senhor, e nosso coração estará in­quieto enquanto não descansar em Vós.”Deus exige que o nosso amor a Ele esteja acima do amor a todas as criaturas, bens, pessoas, etc., porque o Seu amor por nós está também acima de tudo. É simples: Ele não aceita ser o segundo amor da nossa vida, já que nós somos o Seu “primeiro” amor.
É nessa perspectiva que Jesus exige: “Quem ama seu pai ou sua mãe mais que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho mais que a mim, não é digno de mim” (Mt 10,37). Jesus quer, e claro, que amemos os nossos familiares, mas quer que O ame­mos mais ainda do que a eles.
A razão é esta, repito: nós somos o Seu primeiro amor. Deus nos ama tanto que chega a ter um santo ciúme de nós. É o que São Tiago nos ensinou: “Sois amados até ao ciúme pelo Espírito que habita em vós” (Tg 4). O que mais enfurecia a Deus era ver Seu povo escolhido, libertado da escravidão do Egito, prosti­tuir-se na busca e na adoração dos deuses falsos.
Todos os pro­fetas narram a profunda mágoa do Senhor quando Seu povo O traía. Ele se sentia como um marido traído pela esposa. E, cada vez que Israel O abandonava para adorar os Baals, Molocs, Asserás, etc., o Se­nhor também abandonava Israel nas mãos dos inimigos, para que, provado na dor e no abandono, voltasse para o seu Deus.
Essa foi a longa história do povo hebreu, a quem Deus despo­sou para trazer-nos a salvação em Jesus Cristo.Com cada um de nós acontece mais ou menos a mesma realidade.
Caminhamos nesta vida muitas vezes trocando o Deus verdadeiro pelos ídolos mudos: fama, dinheiro, casas, carros, terrenos, prazer, etc. E, como Deus nos ama “até ao ciúme’; Ele não quer nos perder para esses ídolos, para os quais somos arrastados pelas nossas más inclinações. Para nos educar e que­brar em nós o impulso dessas más inclinações, Ele usa as prova­ções da vida. Foi o que São Paulo nos ensinou na Carta aos Hebreus: “Filho meu, não desprezes a correção do Senhor.
Não desa­nimes, quando repreendido por ele; pois o Senhor corrige a quem ama e castiga iodo aquele que reconhece por seu filho (Pr 3,118) “(Hb 12, 5-6). E continuou: “Estais sendo provados para a vossa correção: é Deus que vos traia como filhos. Ora, qual é o filho a quem seu pai não corrige .
Mas se permanecêsseis sem a correção que é comum a todos, serieis bastardos e não filhos legítimos” (Hb 12,7-8). Quer dizer, aos olhos da fé, as provações desta vida fazem parte da pedagogia paterna de Deus em relação a nós, Seus filhos. “Feliz o homem a quem ensinais, Senhor” (Sl 93,12a). “Bem-aventurado o homem a quem Deus corrige!” (Jó 5,17a).
E o Apóstolo foi fundo na ques­tão: “Deus nos educa para o aproveitamento, a fim de nos co­municar a Sua santidade” (Hb 12,10). Pelas provações, Deus quer fazer-nos santos. E por isso que a prova­ção é penosa para nós. Mas, disse o apóstolo: “É verdade que toda correção parece, de momento, antes motivo de pesar que de alegria. Mais tarde, porém, granjeia aos que por ela se exercitaram o melhor fruto de justiça e de paz” (Hb 12,11).
Essa é a recompensa da educação paterna de Deus: paz, justiça e santidade, E o mesmo apóstolo nos consolou, dizendo: “Tenho para mim que os sofri­mentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada” (Rm 8,18).Portanto, não nos assustemos com o sofrimento de cada dia: eles são a cruz da nossa salvação. É por isso que Jesus nos disse: “Tome cada dia a sua cruz, e siga-me” (Lc 9,23c). Não fique­mos a reclamar dos nossos sofrimentos, antes, façamos como mandou São Paulo: “Em todas as circunstâncias, dai graças, pois esta é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo” (1 Ts 5,18).
Além disso nos garantiu o apóstolo que “todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8,28a).Deus nos ama e por isso nos educa através das provações da vida que, segundo São Tiago, produzem em nós “uma obra perfeita” (cf. Tg 1,4). Assim Deus destrói em nós os ídolos que querem tomar o Seu lugar em nosso coração, que Lhe pertence.
Prof. Felipe Aquino

 

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